Insolação e riscos associados ao calor extremo

Neste artigo

    Em períodos de calor intenso, sintomas como dor de cabeça, tontura e náusea costumam ser tratados como efeitos esperados da exposição ao sol. Mas isso pode atrasar o reconhecimento de um quadro potencialmente grave: a insolação. 

    A insolação ocorre quando o organismo perde a capacidade de controlar a própria temperatura após exposição prolongada ao calor, com impacto direto sobre o sistema nervoso central e outros órgãos.

    Diferente do mal-estar passageiro causado pelo calor, a insolação envolve aumento severo da temperatura corporal, geralmente acima de 40 graus, o que leva a alterações neurológicas que exigem atendimento médico imediato.

    Então, em caso de suspeita de insolação, é essencial agir rápido para evitar a piora do quadro e possíveis danos permanentes.

    Insolação é uma condição grave causada pelo calor intenso. Saiba reconhecer os sintomas, quando buscar ajuda e como se prevenir.

    Alterações fisiológicas causadas pela insolação

    Nosso corpo produz calor de forma contínua, através de uma série de reações químicas. Assim, a regulação da temperatura corporal depende do equilíbrio entre essa produção e a perda de calor, que também costuma acontecer de forma natural. 

    O corpo dissipa calor principalmente por meio do suor e da dilatação dos vasos sanguíneos mais próximos à pele. Porém, em algumas situações, esses mecanismos podem se tornar insuficientes:

    • Em ambientes muito quentes, pois a alta temperatura impede o resfriamento do corpo

    • Durante o esforço físico intenso, já que a produção de calor aumenta

    Nesses casos, a temperatura interna pode subir de forma progressiva, o que desorganiza funções celulares essenciais. 

    O calor excessivo compromete a atividade enzimática, desencadeia inflamação sistêmica e altera o funcionamento do cérebro. Por esse motivo, a insolação é classificada como uma emergência médica e não apenas como um desconforto passageiro.

    Sintomas da insolação

    Os sintomas iniciais podem passar despercebidos, uma vez que são confundidos com os efeitos comuns do calor. Os mais frequentes são:

    • Dor de cabeça intensa

    • Tontura

    • Náusea

    • Fraqueza

    • Pele quente e avermelhada

    • Diminuição ou ausência de suor

    • Aceleramento do coração

    À medida que o quadro evolui, surgem sinais mais específicos, como confusão mental, dificuldade de concentração e desorientação. Em casos mais avançados, podem ocorrer convulsões, rebaixamento do nível de consciência e coma.

    Essas alterações neurológicas são um critério central na identificação da insolação e ajudam a diferenciá-la de outras condições relacionadas ao calor.

    Grupos com maior risco

    A insolação pode afetar qualquer pessoa, mas a probabilidade é maior em determinados grupos, que são:

    • Crianças pequenas, que apresentam menor eficiência nos mecanismos de regulação térmica

    • Pessoas idosas, já que elas tendem a perceber menos a sede e frequentemente convivem com doenças crônicas ou fazem uso de medicamentos que interferem no equilíbrio hídrico

    • Indivíduos com doenças cardiovasculares, renais ou neurológicas também apresentam risco aumentado

    • Pessoas que utilizam certos medicamentos, como diuréticos, antidepressivos ou medicamentos anti-hipertensivos

    • Trabalhadores expostos ao sol, atletas e praticantes de atividade física intensa em ambientes quentes estão entre os grupos mais frequentemente afetados.

    Porém, qualquer pessoa pode desenvolver uma insolação, caso esteja exposta aos fatores de risco.

    Insolação e exaustão pelo calor não são a mesma coisa

    Apesar de frequentemente confundidas, insolação e exaustão pelo calor representam quadros distintos. 

    A exaustão pelo calor é uma forma menos grave das chamadas “doenças causadas pelo calor”. Nela, o organismo ainda consegue controlar a temperatura interna e a temperatura corporal não passa dos 40°. 

    Nesses casos, a pessoa costuma apresentar sintomas mais leves, como:

    • Sudorese intensa

    • Fadiga

    • Queda de pressão arterial

    • Mal- estar

    • Náuseas e vômitos

    Já no caso da insolação, ocorre falha completa da termorregulação, com um aumento perigoso da temperatura corporal e comprometimento neurológico. 

    Essa diferença tem implicações práticas importantes, pois a insolação não deve ser tratada apenas com repouso e hidratação domiciliar.

    Complicações associadas à insolação

    Esse aumento grave e prolongado da temperatura corporal pode causar danos significativos a vários órgãos. O cérebro é especialmente vulnerável, o que explica o risco de sequelas neurológicas permanentes, como déficits cognitivos e motores.

    Outros órgãos frequentemente comprometidos incluem:

    • Rins, devido à desidratação severa

    • Músculos, com liberação de substâncias tóxicas na circulação

    Além disso, alterações hepáticas e distúrbios da coagulação também podem ocorrer. E em quadros graves, a progressão para falência múltipla de órgãos representa risco real de morte.

    Exposição prolongada ao sol pode causar insolação. Veja sinais de alerta, duração dos sintomas e cuidados essenciais.

    O que fazer em caso de insolação?

    A identificação precoce do quadro é fundamental. Por isso, diante da suspeita de insolação, a exposição ao calor deve ser interrompida imediatamente e medidas de resfriamento corporal devem ser iniciadas enquanto se busca atendimento médico:

    • A pessoa deve ser levada para um ambiente fresco e ventilado

    • Caso seja necessário, é recomendado retirar roupas excessivas

    • Aplicação de compressas frias

    A ingestão de líquidos só deve ocorrer se a pessoa estiver consciente e orientada. E caso apareçam alterações do nível de consciência, convulsões ou piora rápida do quadro, é necessário procurar atendimento de emergência.

    Como prevenir a insolação?

    A prevenção da insolação pode ser feita com algumas estratégias simples: 

    • Reduzir a exposição ao sol nos horários de maior calor

    • Usar roupas leves 

    • Dar preferência a ambientes ventilados

    • Ingestão regular de água, mesmo na ausência de sede

    • Ajuste da intensidade das atividades físicas e a realização de pausas

    Isso é ainda mais importante no caso de crianças, bebês, idosos e pessoas com doenças crônicas.

    Dúvidas comuns sobre o tema

    Como saber se estou com insolação​?

    Você pode estar com insolação quando surgem sintomas após exposição prolongada ao sol ou ao calor intenso, como dor de cabeça forte, tontura, náuseas, pele quente e avermelhada, sensação de fraqueza, confusão mental e, em alguns casos, febre elevada. A insolação é uma condição grave e exige atenção médica imediata, especialmente se houver alteração do nível de consciência ou vômitos persistentes.

    O que causa insolação?

    De acordo com o Ministério da Saúde, as causas da insolação incluem a exposição prolongada ao sol e ao calor, a prática de atividades físicas extenuantes, uso excessivo de roupas em ambientes quentes e a falta de hidratação. O problema se torna mais frequente no verão ou durante ondas de calor.

    Quanto tempo dura a insolação?

    A duração da insolação varia conforme a gravidade e a rapidez do atendimento. Em casos leves, os sintomas podem melhorar em 24 a 48 horas com hidratação e repouso. Já quadros mais graves podem durar vários dias e exigir internação, pois o organismo leva mais tempo para se recuperar do superaquecimento e dos possíveis danos causados pelo calor excessivo.

    Referências ▼