Muita gente ouve falar da metformina como um “remédio que ajuda a emagrecer”, e logo surge a dúvida: será que isso é verdade ou mais uma ilusão criada pela internet? Afinal, se existe um medicamento capaz de facilitar a perda de peso, por que nem todo médico o prescreve?
A resposta, no entanto, é mais complexa do que parece. A metformina é um medicamento sério, com benefícios comprovados em algumas condições específicas, mas também com riscos quando usada sem necessidade.
Para entender seu papel no emagrecimento, é preciso olhar com calma para o que ela realmente faz no corpo. E é exatamente a isso que esse artigo se propõe.
Metformina serve somente para diabetes?
A metformina é um dos medicamentos mais usados e estudados no mundo. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde, ela é essencial no tratamento do diabetes tipo 2, uma condição que gera um excesso de glicose no sangue.
Mas seu uso não se limita a isso. Médicos também indicam metformina para casos de resistência à insulina, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e até para prevenir o avanço do pré-diabetes.
Esses efeitos acontecem porque o medicamento atua em diferentes mecanismos do corpo:
No fígado, reduz a produção de glicose
Nos músculos e células, melhora a resposta à insulina, facilitando o uso do açúcar como energia
No intestino, diminui a absorção de glicose e favorece o equilíbrio da microbiota intestinal
Mas, ao contrário de outros remédios, a metformina não estimula o pâncreas a produzir mais insulina, o que reduz o risco de hipoglicemia. Ela melhora a forma como o corpo lida com o açúcar, mas não atua diretamente sobre a queima de gordura.
Por isso, seus efeitos sobre o peso são mais sutis do que se imagina.
Riscos e cuidados necessários
A metformina pode ser segura e eficaz, quando usada com acompanhamento médico. Porém, seu uso indevido pode causar desconfortos e até mascarar problemas hormonais ou metabólicos que exigem outro tipo de tratamento.
Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, cólicas, gases e diarreia, principalmente nas primeiras semanas. Em algumas pessoas, esses sintomas desaparecem conforme o corpo se adapta; em outras, exigem ajuste de dose ou mudança de formulação.
O uso prolongado também pode reduzir a absorção da vitamina B12, levando a sintomas como cansaço e formigamento.
E, em casos raros, pode ocorrer acidose lática, uma complicação grave. Por isso, o acompanhamento médico é indispensável, já que é ele quem avalia se o medicamento é realmente indicado para o seu caso.
Como amenizar os efeitos colaterais da metformina?
Como dito acima, os desconfortos digestivos são os mais relatados, mas podem ser controlados com alguns cuidados simples:
Tomar o remédio junto com as refeições
Evitar jejum prolongado
Preferir a versão de liberação prolongada, mais bem tolerada
Aumentar a dose gradualmente, conforme orientação médica
Essas medidas ajudam o corpo a se adaptar, tornando o tratamento mais leve e seguro.
Veredito: a metformina emagrece ou não?
Estudos mostram que a metformina pode levar a uma leve perda de peso em algumas pessoas, especialmente em quem tem resistência à insulina. Isso acontece porque ela melhora a utilização da glicose, reduz picos de fome e pode alterar o apetite.
Mas o efeito costuma ser pequeno, geralmente entre 2 e 3 quilos após alguns meses de uso, e tende a desaparecer quando o medicamento é interrompido.
Em resumo, a metformina não é um remédio para emagrecer. Ela pode ajudar indiretamente em situações específicas, mas não substitui uma alimentação equilibrada, o sono adequado e a prática regular de exercícios.
Buscar um atalho químico raramente traz resultados duradouros e pode custar caro para a saúde.
Dúvidas comuns sobre o tema
Não é recomendado usar metformina apenas para perder peso. Esse remédio tem indicação médica específica e pode causar efeitos indesejados quando usado sem necessidade. O emagrecimento saudável vem de mudanças reais no estilo de vida.
A metformina pode contribuir para uma leve perda de peso em pessoas com resistência à insulina, mas seu efeito é limitado. Ela não queima gordura nem substitui hábitos saudáveis. O principal papel do remédio é regular o metabolismo da glicose.
De forma alguma. O remédio pode apoiar o tratamento em alguns casos, mas não faz milagre. A perda de peso real e duradoura depende de reeducação alimentar, movimento regular e cuidado com o sono.

