Coqueluche, uma doença antiga que ainda preocupa

Neste artigo

    A coqueluche é uma infecção respiratória grave provocada pelo agente bacteriano Bordetella pertussis, conhecido por causar crises intensas e prolongadas de tosse. 

    Desde o início do século XX, a coqueluche é uma das infecções respiratórias mais estudadas, justamente por seu potencial de causar complicações graves. A bactéria atinge as vias aéreas, irritando o revestimento dos brônquios e traqueia, o que explica a tosse seca e persistente. 

    Com o passar dos dias, esses acessos se tornam tão fortes que o paciente pode ter dificuldade para respirar, vomitar após tossir e sentir dores abdominais de tanto esforço. O som agudo emitido na inspiração após as crises, o famoso “guincho”, é característico da doença.

    Mas, embora muitos acreditem que seja uma doença do passado, ela continua circulando e representa um risco sério, especialmente para os bebês. E por isso é tão importante conhecer os sintomas, as formas de contágio e de prevenção.

    Coqueluche é uma infecção respiratória contagiosa que provoca tosse intensa e prolongada, especialmente perigosa em bebês.

    Quais são os sintomas da coqueluche

    Os sintomas variam conforme a idade e o tempo de infecção. Depois de uma ou duas semanas, a tosse se intensifica e vem em crises repetidas, especialmente à noite. Essas crises podem durar até dez semanas e, em casos mais severos, provocar falta de ar, vômitos e exaustão.

    Nos primeiros dias, chamado de fase catarral, a coqueluche pode parecer um simples resfriado, com coriza, febre baixa e mal-estar. Gradualmente, o quadro vai evoluindo para crises de tosse mais intensas.

    A fase seguinte, chamada de paroxística, costuma durar mais tempo (2 a 6 semanas) e se caracteriza por crises intensas e incontroláveis de tosse. Pode haver febre, mas muitas pessoas ficam afebril neste período. Durante as crises de tosse a pessoa pode ter dificuldade para inspirar, podendo ficar com o rosto vermelho (congestão facial) ou azulado (cianose), além de apresentar o guincho característico da doença.

    Por fim, temos a fase de recuperação ou convalescença, com a diminuição da frequência e da intensidade das crises de tosse. Esta fase costuma durar entre 2 e 6 semanas.

    Coqueluche em bebês e crianças

    A coqueluche infantil é uma das formas mais graves da doença. Em bebês, o sistema imunológico ainda é imaturo, e a tosse intensa pode levar a crises de apneia, dificuldade para mamar, desidratação e perda de peso. 

    Em casos severos, a infecção evolui para pneumonia, convulsões e, infelizmente, aumenta o risco de morte. O risco é maior em crianças com menos de 6 meses de idade.

    Coqueluche em adultos

    A coqueluche em adultos costuma ser assintomática ou se manifestar de forma mais leve, mas é uma das principais fontes de transmissão da doença para os bebês. 

    Muitas vezes, o adulto apresenta apenas tosse seca e prolongada, sem febre significativa. O problema é que, sem diagnóstico, medidas de isolamento e tratamento adequados, ele continua transmitindo a bactéria.

    Quando há suspeita, o médico pode solicitar exames laboratoriais, como cultura da secreção nasal, para confirmar o diagnóstico. Mesmo nos casos leves, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes para evitar a disseminação.

    Coqueluche é uma infecção respiratória contagiosa que provoca tosse intensa e prolongada, especialmente perigosa em bebês.

    A importância da vacina para coqueluche

    A vacina para coqueluche é a maneira mais eficaz de prevenir a doença e suas complicações. Além do esquema infantil, o Ministério da Saúde recomenda reforços para adolescentes e adultos, especialmente profissionais de saúde e pessoas que convivem com recém-nascidos.

    O esquema básico é aplicado aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses e aos 4 anos.

    A vacina para coqueluche em gestantes tem papel fundamental na proteção dos bebês. Aplicada a partir da vigésima semana de gestação, ela permite que os anticorpos sejam transferidos da mãe para o feto, garantindo imunidade nos primeiros meses de vida, período em que o bebê ainda não completou a série de vacinas. 

    Essa estratégia tem reduzido significativamente as internações e mortes por coqueluche neonatal.

    Tratamentos para coqueluche

    O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos, geralmente a azitromicina ou a eritromicina. Quando iniciados precocemente, eles ajudam a eliminar a bactéria do organismo e a reduzir o risco de transmissão. 

    O esquema de tratamento costuma ser:

    • Eritromicina por 14 dias

    • Azitromicina por 5 dias (tratamento mais indicado para bebês com menos de 6 semanas)

    É possível também usar Sulfametoxazol-trimetoprima, quando há algum tipo de intolerância aos outros antibióticos.

    Além dos medicamentos, o tratamento inclui medidas de suporte, como hidratação, repouso e controle da tosse.

    Nos casos graves, principalmente em bebês mais novos, pode ser necessária internação hospitalar para monitoramento respiratório. O uso de oxigênio, aspiração de secreções e alimentação assistida podem ser necessários. 

    A recuperação costuma ser lenta, mas a maioria dos pacientes evolui bem com o cuidado adequado.

    A coqueluche é uma doença antiga, porém ainda atual. O melhor caminho para controlá-la é a combinação entre informação, vacinação e diagnóstico precoce. Manter o calendário vacinal em dia e buscar atendimento médico diante de uma tosse persistente são atitudes simples que salvam vidas.

    Dúvidas comuns sobre o tema

    Quanto tempo dura a coqueluche?

    A coqueluche costuma durar de seis a dez semanas. Mesmo após o fim da infecção, a tosse pode persistir por algum tempo devido à irritação das vias respiratórias.

    É seguro tomar a vacina da coqueluche na gravidez?

    Sim. A vacina é segura e recomendada a partir da vigésima semana de gestação. Ela protege a gestante e o bebê nos primeiros meses de vida, quando o risco de complicações é maior.

    Quem já teve coqueluche precisa se vacinar?

    Sim. A imunidade natural não é permanente, e a vacina é necessária para garantir proteção duradoura e evitar novas infecções, especialmente em quem convive com crianças pequenas.

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